Vencedoras do concurso de monografias do IASP apontam necessidade da humanização frente às tecnologias
13 de novembro de 2019
Por Luís Indriunas, da Avocar Comunicação
Trabalhos assinados por duas mulheres serão publicados pela Editora IASP e lançados no evento de 145 anos do Instituto
Não há dúvidas de que as tecnologias estão transformando as relações sociais. No campo do Direito, estas mudanças estão presentes não só nas questões litigiosas, mas no próprio trabalho dos advogados. Pensando nesse novo quadro, o Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) escolheu o tema para o Concurso de Monografias Jurídicas Esther de Figueiredo Ferraz deste ano.
Em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), o concurso tem como principal objetivo fomentar o debate e discussão de ideias sobre temas contemporâneos. “É uma satisfação ver que cada vez mais profissionais e estudantes têm se interessado pelo concurso”, afirma o diretor-administrativo do IASP, Diogo Leonardo Machado de Melo, que organiza o certame desde 2013. Este ano, houve cerca de 30 trabalhos qualificados para submissão de avaliação.
Duas mulheres foram as vencedoras de 2019: a advogada Adriana Carolina Leão Carpi e a estudante de pós-graduação Jussara Maria de Oliveira dos Santos. Elas irão receber o prêmio durante o evento de comemoração dos 145 anos do IASP, que ocorrerá em 29 de novembro. Os textos também serão publicados pela Editora IASP.
Com focos diferentes, os trabalhos apontam para uma conclusão comum: a importância do papel do advogado e do pensamento humanizado frente às novas facilidades presentes no mercado como os robôs que pesquisam a jurisprudência ou ajudam nos primeiros contatos com clientes.
O tema também está presente em diversas outras ações do IASP. A reunião-almoço de outubro, por exemplo, recebeu a ministra do Superior Tribunal de Justiça, Nancy Andrighi que apresentou suas reflexões para os limites éticos do uso das tecnologias. Em novembro, a Comissão de Estudos de Direito e Inteligência Artificial promoveu o curso “Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no uso da Inteligência Artificial (IA)”
Os limites da tecnologia
Com mais de 20 anos de experiência em assessoria de Direito, Adriana Carolina Leão Carpi apresenta na sua obra “Novas Tecnologias e o Papel da Advocacia” um painel diversificado das mudanças tecnológicas, os perigos desse novo quadro, seus limites e possibilidades.
O tema começou a preocupar a profissional quando ela própria foi vítima de hackers. “Entraram no meu computador, puxaram meus arquivos e até comercializaram textos meus”, conta Adriana.
A profissional, que atua na área do Direito Ambiental, tem uma formação heterogênea que inclui não só o Direito, mas História e Nutrição, entre outros. Assim, foi possível navegar por diversos temas relacionados na obra, das criptomoedas à biotecnologia, do monitoramento online dos cidadãos aos programas de compilação de dados jurídicos. “Como o tema é muito amplo, tentei fazer um panorama da questão e focar no papel atual e futuro do advogado nesse cenário”.
É a segunda vez que Adriana ganha o concurso de monografias. Em 2017, ela foi autora da obra “Por uma transformação do modelo minimalista da proteção do patrimônio vivo sob a ótica dos direitos fundamentais”.
Já a estudante Jussara Maria de Oliveira dos Santos focou seu trabalho, cujo título é “Advocacia 4.0: Humanismo x Liberdade”, no uso das novas tecnologias pelos escritórios de Advocacia e tribunais. Para a autora, é preciso pensar nos limites da automatização e sua utilização com responsabilidade social e ética. “Enquanto a máquina tem limites, o advogado não os tem, por ser, ao mesmo tempo, um ser individual e um ser pertencente ao coletivo”.
Pós-graduanda em gestão e controle externo das contas públicas na Escola do Tribunal de Contas, Jussara defende a leitura humanizada do Direito em contraposição à leitura matemática dos dados do Direito.
Após a premiação, as publicações estarão disponíveis para venda no site da Editora IASP.